Eu sou negra
tenho fome.
Sou pobre
tenho os pés no chão.
Carrego a sina
de ser infeliz.
Minha pele me julga assim.
Corro no calor da urbe,
ando no frio do seu ser.
Paro.
Faço acrobacias
para que me veja.
Estendo minha mão
na esperança de ser
digna
de sua ajuda.
Não te importa
minha fome.
Não te toca
minha miséria.
Enquanto o mercado for negro,
a coisa estará preta.
Anote tudo no seu “caderninho preto”
da vingança.
Oh deus branco!
Por que estou em tudo que não és tu?
À noite, todos os gatos são pardos,
mas enquanto é dia, somos todos diferentes.
Discriminados.
No campo vejo flores em vermelho.
Laranja toca a montanha
que guarda uma nesga do amarelo
da luz que ilumina o nosso verde
sob o Azul do céu da manhã
que à tarde,
de anil tornar-se-á
violeta.
©
Anúncios