“Nós não somos tão lúcidos quanto fingimos ser.” — Lila Crane, personagem de “Psicose”.
Edward Gein nasceu em 1906 e cresceu em uma fazenda pobre, no estado de Wisconsin. Ele e Henry eram filhos de Augusta, uma mulher dominadora. Em 1959, preso há dois anos, Eddie foi imortalizado por Robert Bloch no romance “Psicose” e em 1960, por Alfred Hitchock no filme homônimo, um dos grandes sucessos do cinema norte-americano.
Mais assustador que o livro, ou o filme, é saber que a famosa história de Norman Bates é baseada na realidade de um homem que, atormentado pela mãe tirânica e pelo desejo de ser ela, matou duas mulheres e roubou do cemitério, ao longo de doze anos, partes de corpos com as quais fez objetos de decoração e uma roupa de pele humana que vestia para fingir ser a Sra. Augusta.
Livro e filme merecem a atenção de quem se interessa por thrillers. Robert Bloch, com maestria, faz o leitor caminhar tenso pela história com rapidez para logo chegar ao desfecho — e a tensão não é mais branda quando já se conhece o final. Ao ler o livro, fica claro porque Hitchcock se encantou pela narrativa e apostou na história. Aliás, ele também soube narrar bem esse terror.
A adaptação é tão boa quanto o romance. Alfred Hitchcock escolheu bem o que deixar, o que cortar e o que alterar.
E por falar em cortar, os assassinatos são diferentes. A famosa cena no chuveiro é a morte de Mary Crane — no filme, Mariane Crane. O banheiro nas páginas de Robert Bloch tem mais sangue e a cena, um corte a mais, se é que me entende. O segundo assassinato também tem mais cortes no livro e a cena é muito bem escrita — no filme, é a única de que eu, particularmente, não gosto.
Hitchcock cortou o peso de Norman Bates. No romance, ele é um sujeito gordo que não gosta de se olhar no espelho e por isso faz barba somente uma vez por semana. Aliás, fantástica a cena em que ele se barbeia. Além de nos explicar um pouco mais sobre os problemas psicológicos do personagem, é um excelente exemplo de como tudo em uma história deve estar lá por algum motivo.
Não foi por acaso o sucesso do filme; e se você não leu o livro, deve fazê-lo. É entretenimento e aula de storytelling.
Mas atenção! Ele mudará sua maneira de tomar banho.
Block, Robert. Psicose. Rio de Janeiro: Darkside Books. 2013. 240p. (Tradução de Anabela Paiva).

Director: Alfred Hitchcock
Screenplay: Joseph Stefano
Based on the novel by Robert Bloch
With: Anthony Perkins, Janet Leigh

Director: Alfred Hitchcock
Screenplay: Joseph Stefano
Based on the novel by Robert Bloch
With: Anthony Perkins, Janet Leigh