Christopher John Francis Boone, encontrou um cachorro morto. Era Wellington, um poodle grande, da vizinha que mora do outro lado da rua, duas casas à esquerda da sua. Naquela noite, um garfo de jardim saía de dentro do animal.
Christopher tirou o garfo, segurou Wellington no colo e o abraçou. O sangue escorria pelo ferimento.
Ele gostava de cães, porque são fiéis e nunca mentem — “porque não sabem falar”.
Quando a polícia chegou, depois da gritaria da Sra. Shears, correndo em seu pijama para ver o que aconteceu, Christopher concluiu: alguém matou o cachorro.
Mas isso estava claro. Faltava saber quem cometeu o crime.
O garoto de 15 anos, 3 meses e 2 dias decide assumir o papel de detetive e desvendar esse mistério, enquanto escreve o livro que você está prestes a ler.
The Curious Incident of the Dog in the Night-Time — no Brasil publicado como O estranho caso do cachorro morto, pela editora Record — é uma bela narrativa escrita por Mark Haddon. Em primeira pessoa, o texto nos faz mergulhar na mente do narrador e querer desvendar com ele os mistérios que lhe rodeiam. Também acompanhamos seus medos, manias e sonhos. Christopher quer ser astronauta, é apaixonado por Sherlock Holmes e matemática, e se autodenomina “matemático com algumas dificuldades comportamentais”.
Esse estranho caso é o enredo de um livro de mistério. Mais ainda, é o pano de fundo para uma história sobre as diferenças, ou sobre o olhar do outro, uma maneira quase sempre diferente da sua de ver o mundo. É um livro sobre relações humanas, dificuldades e medos.
O estranho caso do cachorro morto é um livro sobre nós.
Quase me esqueci de dizer: Christopher John Francis Boone é autista.
Haddon, Mark. The Curious Incident of the Dog in the Night-Time. New York: Vintage Books. 2003. — No Brasil: O estranho caso do cachorro morto. Ed. Record.